terça-feira, 24 de maio de 2011

A SURPRESA , A ESCOLHA

Grávida?!
E agora? Estou  grávida !! O que fazer? Milhares de jovens, meninas e mulheres devem estar se fazendo essa pergunta neste exato momento, ou já se fizeram em algum momento de suas vidas.
E agora? Como será? Será que vou suportar a pressão? A cobrança da sociedade? As críticas? "Estou velha, já passei da idade de ter filhos serei motivos de piada pros outros!"
"Tenho só 14 anos, não poderia ter engravidado e agora? Meus pais vão me matar?"
"Meu Deus! e agora o marido desempregado, as coisas estão tão difíceis aqui em casa, e agora?"
"Deus, isso não podia acontecer! Por que não tomei maiores cuidados e me previni, agora ficarei falada no bairro, na igreja, todos irão apontar pra mim. Olha tal mãe tal filha!"
Esse foi o meu pensamento quando descobri que estava grávida do Nícolas, tive medo de encarar a situação de frente, e enfrentar a "sociedade" , tive medo de ser chamada com palavras que feririam  meu caráter, tive medo de ficar  sozinha com um filho pra criar. Pensei em tirá-lo, mas graças a Deus ergui a cabeça, respirei fundo e embarquei na doce aventura de ser Mãe.
Casei, no dia 18/12 de 1992 e em 21/02/1993 o Nicolas nasceu. Que alegria !!!! ele era tão pequenininho, tão indeveso, precisa tanto de mim.
Se eu tivesse tido a escolha de fazer um aborto??
Não teria tido a alegria de carregar em meu colo um ser tão frágil e indefeso.
Um ser tão doce e tão doentinho....é meu filho teve uma anóxia neo-natal. Faltou ôxigenio no cérebro. Trouxe-lhes seqüelas; ele seria um menino "especial".
Acreditem, como mãe e como mulher me perguntei tantas vezes se era castigo divino por eu ter apenas pensado na hipótese de aborto. Nunca desejei realmente de fato abortar, mas a idéia havia me ocorrido, mas a vontade de ser mãe e formar minha família era maior do que a vontade de abortar, ou rejeitar aquela criança. Ele foi muito amado em meu ventre. E todos os dias eu me perguntava; " porque Deus?"
Eu tinha em meus braços uma criança deficiente, com déficit mental, falta de coordenação motora global, e descobri que ele era hiperativo, mas muito, muito carinhoso. Era um menino muito doce, muito meigo, abraçava a todos,  pra ele não havia rico ou pobre, mendigo, ou doutor, ele simplesmente abraçava e beijava, sentava no colo, falava com todos que passavam pela rua.
Quando bebê era muito frágil e doente, corri muitas vezes com ele para hospitais, várias vezes internado, muito frágil a sua saúde. Eram terapias, sessões de pscanálise, inclusive pra mim.
Um ano após seu nascimento eis a surpresa eu esta grávida novamente.
"Ah!!! Que desepero que me deu!!!" Eu não queria esta criança, não agora!!! "Ah!!Isso não Deus!!! Por que??" Porque outra gravidez se eu me havia prevenido, tinha evitado. Não!!! Definitivamente,  não! Mas, mais uma vez a razão falou mais forte, nasceu meu segundo filho o Matheus, menino saudável, forte, lindo!! Ele trouxe o complemento à alegria em minha vida. Mas agora como cuidar de dois filhos pequenos, pagar aluguel, e a penas o marido trabalahando??? Deus deu a porta de escape.
Em fim estava eu agora com dois filhos, duas bençãos, sempre na correria com o Nícolas, mas acompanhando o Matheus, que sempre fez de tudo pra chamar a atenção e dizer: "Ei! mãe! Estou aqui, posso fazer de tudo pela senhora!" Ele se tornou independente muito rápido, se cuidava sozinho pois a minha atenção era 80% voltada ao Nícolas.
Ah!!! Quantas noites sem dormir! Quantas lágrimas derramadas!
Novembro de 1997 nasceu o terceiro filho, cesáriana, o Jonatas. Perfeito!!
Agora erámos em 5, minha família estava completa.
 E eu? Será que estava feliz??
Será que me sentia realizada? Com a vida firmada em um casamento que a cada dia caminhava ao abismo do fracasso.
Lutei tanto pelo Nícolas e em 21/06 de 2005 aos doze anos meu filho veio a falecer. Menigite bacteriana, segundo uma suspeita do médico. Nem diagnosticado meu filho foi, não tive a chance seguer de lutar contra a enfermidade, não tive escolha a não ser ver meu filho morrer ali na minha frente.
Estive de braços ãtados, vendo-o agonizar em uma semi-intensiva após ter passado o dia todo no corredor de um hospital público. Tomando soro glicosado, a bactéria sendo alimentada, pela glicose, a médica estúpida, não mandou por soro fisiológico, descobri mais tarde que a bactéria se alimentou e se proliferou muito rápido, meu filho faleceu aos doze anos, com uma infecção generalizada.
Saí gritando, dentro daquele corredor frio. "Não!!" "Não pode ser!" "Isso é um pesadelo meu Deus!"
Mas não era, estava ali meu filho com o corpinho branquinho, lábios vermelhos, ainda quente, estirado naquela maca fria. Seu corpo em vida parecia estar dormindo.
"Foi culpa minha!" Gritava em minha mente.
"Eu matei meu filho, eu não o queria !" Isso ecoava dentro de mim !! "Deu me castigou da pior maneira que pode existir!" Isso me atormentava.
Isso saia de minha mente todos os dias, não conseguia mais dormir, me afastei do Senhor, achando estar fazendo o certo, me afastei dos outros, da família, dos meus outros dois filhos, não parei pra perceber que eles precisavam de mim. Fui ao fundo do abismo, do desespero. Me sentia culpada. Me sentia impotente diante da perda, me sentia uma mulher condenada a solidão, ao fracasso e ao desespero da necessidade de me punir pelo que havia acontecido com ele desde o início.
Não restava dúvidas em mim; eu era a culpada!!
Quem nunca se sentiu assim?
Quem nunca se culpou por alguma coisa que aconteceu a alguém?
Quem diante de uma situação inesperada nunca se sentiu culpada?
Mas como sair desse abismo que me encontrei? E o pior não queria admitir que precisava de ajuda.
Quem já buscou ajuda em si mesmo pra se levantar depois de um tombo?
Eu fiz isso. Não deu certo.
Era como tentar sair da areia movediça sozinho. Quanto mais você se mexe mais você afunda.
Eu estava afundando!
Minha alma gritava por socorro, mas minha mente não ouvia.
Você nunca se sentiu assim?
Eu novamente desafio você a me responder, que nunca se sentiu culpado por algo?
Quem nunca se trancou na solidão? Quem nunca se acusou? Quem nunca achou que estava sendo punido por Deus, pelas suas ações e seus atos?
Vamos, me diga!!! Foi só eu???





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